Peça " A Tempestade"


A Tempestade
(Willian Shakespeare)
Uma história de dor e reconciliação - Última peça escrita por Shakespeare, A tempestade é Uma história de vingança, é uma história de amor, é uma história de conspirações oportunistas, e é uma história que contrapõe a figura disforme, selvagem, pesada dos instintos animais que habitam o homem à figura etérea, incorpórea, espiritualizada de altas aspirações humanas, como o desejo de liberdade e a lealdade grata e servil.


Uma Ilha é habitada por Próspero, Duque de Milão, mago de amplos poderes, e sua filha Miranda, que para lá foram levados à força, num ato de traição política. Próspero tem a seu serviço Caliban, Um escravo EM terra, homem adulto e disforme, e Ariel, o espírito servil e assexuado que pode se metamorfosear em ar, água ou fogo.

Os poderes eruditos e mágicos de Próspero e Ariel combinam-se e, depois de criar um naufrágio, Próspero coloca na Ilha seus desafetos (no intuito de levá-los à insanidade mental) e um príncipe, noivo em potencial para a filha. Se o amor acontece entre os dois jovens, se a vingança de Próspero é bem-sucedida, se Caliban modifica-se quando conhecem os poderes inebriantes do vinho numa cena cômica com outros dois bêbados, tudo isso Shakespeare nos revela no enredo desta que por muitos é considerada sua obra-prima.
A peça que é um projeto artístico de Emilio Di Biasi com adaptação de Bárbara Heliodora e com direção do premiado Marcelo Lazzaratto,tendo como um diferencial a trilha sonora de André Abujamra que é executada ao vivo pelos músicos, inovadora e luxuosa, de figurino a cenário e com grande elenco a peça vale a pena de ser conferida, não só por ser o ultimo texto de Shakespeare, mas também pelo dinamismo do vaivém de atores, a maestria com que Paulo Goulart filho desenvolve o personagem Ariel e a inteligência do cenário de André Cortez, que conta com uma estrutura metálica com portas e diferentes níveis, que faz às vezes de navio, casa e cela.
O ponto alto de “A Tempestade” é quando, quase partindo para o fim, aparece à atriz Nicette Bruno, declamando o texto, em dois telões, um em cada ponta do palco. Só com algumas partes do rosto aparecendo por vez, ela emociona, arrepia e deixa a plateia imaginar e repensar. É como se Nicette aparecesse para intervir e explicar o que tinha acontecido e o que iria acontecer – tudo com as próprias “palavras” de Shakespeare.
Intercalando momentos descontraídos com sérios, onde a parte descontraída fica por conta dos bêbados Trínculo (Nicolas Trevijano) e Stephano (Cesar Rezende Santana). Em suas duas horas e dez minutos de espetáculo, ela exige ouvido e espírito atentos para que não se perca nada, porque é ali em meio à magia que Shakespeare mostra com as expressões certas, cuidado e delicadeza quem é o ser humano, misturando em sua trama amor, ódio, traição, perdão e poder onde só vendo para descobrir o que esta mistura provoca em nós mesmos.

Ficha Técnica
Texto: William Shakespeare
Tradução: Barbara Heliodora
Idealização: Emilio Di Biasi
Direção: Marcelo Lazzaratto
Elenco: Carlos Palma, Thaila Ayala, Sergio Abreu, Paulo Goulart Filho, Francisco Brêtas, André Guerreiro Lopes, André Fusko, Jorge Cerruti, Heitor Goldflus, Fernando Nitsch, Cesar Rezende Santana, Nicolas Trevijano, Evas Carretero, Isis Valente, Leandro Pereira, Magali Costa, Nicole Marangoni e Yuri Cumer
Direção geral de produção: Alexandre Brazil e Erike Busoni
Cenografia: André Cortez
Iluminação: Davi de Brito e Vânia Jaconis
Figurinos: Beth Filipecki e Renaldo Machado
Trilha sonora: André Abujamra
Instrumentistas: Demian Pinto(piano), Vadim Klokov (fagote e duduk) e Gilson Barbosa (oboé)
Criação dos bonecos: Beatriz Apoca lypse e Grupo Giramundo
Realização: Escritório das Artes, SE4 Produções e Cia. da Matilde

Teatro das Artes, no Shopping Eldorado.
Encerra: 28 de agosto

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