O beijo no Asfalto


Baseado na historia real de um repórter do jornal o globo, que foi atropelado por um ônibus antigo e na hora da morte pede um beijo a um jovem que tentava socorrê-lo “O beijo no asfalto” foi escrito em poucos dias e lógico modificado no melhor estilo Rodriguiano.
Por trás de uma história aparentemente simples, O Beijo no Asfalto discute questões fundamentais à condição humana. Nelson Rodrigues aproveitou o beijo espontâneo dado por Arandir, homem de coração puro, no atropelado, para fazer um libelo contra a falsidade, o juízo baseado na aparência e as convicções erradas de parte da sociedade.
É uma obra aberta com vários significados e interpretações o que faz a platéia questionar e ficar com a duvida ate o ultimo ato “Afinal Arandir era ou não amante do tal defunto?” “Eram conhecidos”? Arandir era realmente puro de coração e fez tal ato por generosidade? As duvidas percorrem por toda a trama e deixam ate o próprio Arandir nesta altura, com duvidas sobre ele mesmo... Nelson Rodrigues nos mostra quão frágil somos, pois não foi necessário muito esforço para mudar a imagem publica de Arandir, que passa de marido dedicado, para homossexual enrustido em um passe de mágica. Para se conseguir a deterioração pública do jovem marido de Selminha, arma-se uma verdadeira conspiração onde todas as pessoas, desde as mais próximas até as mais distantes mobilizam-se e sem muito esforço conseguem destruir tudo que ele tem.
O morto, vítima do atropelamento que recebeu o beijo de Arandir, passeia por toda a peça como uma alma torturada pelo acontecido, nos dando pista do que pode ou não ser verdade, é o grande personagem invisível, o que encarna, em si, a morte de cada um e de todos nós...
Este é o enredo de O beijo no asfalto, peça encenada em São Paulo pela Companhia Círculo dos Canastrões e que abre a programação teatral da mostra “Quem Ainda tem Medo de Nelson Rodrigues? em comemoração aos cem anos do Autor em 2012.
Com elenco de primeira, diálogos bem amarrados, que dão naturalidade e, ao mesmo tempo, facilitam o clima de mistério, e com um final quase inesperado, que nos leva a um sentido completamente novo a peça “O beijo no asfalto “faz a platéia questionar seus próprios conceitos e preconceitos, olhar a sua própria fragilidade e sair do teatro com gosto de quero mais.
Espetáculo: “O Beijo no Asfalto”
Mostra “Quem Ainda tem Medo de Nelson Rodrigues?”
Local: Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Rua Dr. Teodoro Baima, 94, Vila Buarque
Recomendação etária: 14 anos | Duração: 90 minutos
Ingressos: RS 20 (meia: RS 10). Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo

Direção artística: Marco Antônio Braz
Sonoplastia: Tunica Pereira
Designer de luz: Roberto Cohen
Cenografia e figurino: Telumi Hellen
Assistente de cenografia e figurino: Clau do Carmo
Assistência de direção e preparação corporal: Ana Nero
Produtora: Sinal Vermelho Filmes
Produção executiva: Paulo Ferrer e Cristina Satto
Assistente de produção: Rafael Augusto
Elenco: Renato Borghi, Hudson Senna, Élcio Nogueira, Gabriela Fontana, Rodrigo Fregnan Lívia Ziotti, Willians Mezzacapa, Amanda Pereira, Michel Waisman, Carol Carreiro, Rafael Boese, Adriana Guerra.

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