Rótulos para quê?

Como as expressões discriminatórias contribuem para reforçar preconceitos

Outro dia estava em uma sala de aula tentando falar sobre a diferença entre os “ismos”, surrealismo, Dadaísmo, Impressionismo, estas coisas... , quando de maneira tola e sem lógica nenhuma um aluno que no mínimo não prestava atenção em nada do que eu falava , perguntou se sapatões e veados também pertenciam a historia ,lógico que tal pergunta era para chatear alguém e foi impossível não parar para refletir sobre os diversos rótulos que têm sido dados para esse grupo ao longo dos tempos.

Sapatão, entendida, Maria João, machona. Fiquei pensando em todos os nomes e expressões que já ouvi ao longo dos tempos e, apesar de saber que nomeações são necessárias e úteis, considero que a grande maioria dos termos, literalmente, são preconceituosos. O que significam essas palavras? Grande parte das adjetivações implica em acreditar que todas as mulheres lésbicas são necessariamente masculinizadas, ou ainda que a qualificação de uma lésbica só seja possível a partir de um referencial masculino.

Quem não se lembra da marchinha “Maria sapatão, sapatão, sapatão, de dia é Maria e de noite é João”. Reforço que essa não é de forma alguma uma crítica as meninas que são mais masculinas, mas sim uma reflexão sobre a diversidade de estilos e comportamentos existentes entre as mulheres lésbicas e que não são englobados em terminologias como estas.

Acredito que é no dia-a-dia e em expressões e momentos cotidianos, piadinhas e brincadeiras, que as pessoas expressam muito dos seus preconceitos, que geram direta ou indiretamente conseqüências mais graves, como desigualdades perante a lei, agressões de ordem física ou psicológica, entre outros. Não é difícil lembrar de algum caso ruim que tenha passado na mídia, fruto da maneira irracional de algumas pessoas, eu mesma já me deparei com a ignorância de professores sobre este assunto e fiquei assustada muitas vezes de ver que indivíduos que possuem o dever de educar muitas vezes reforçam para a falta dela.

Por isso, acho importante estarmos todos atentos às palavras e expressões, o que elas revelam de nossa cultura, e como podemos contribuir, nós e amigos, com pequenos gestos, rumo a uma sociedade mais igualitária. Caso contrário, corremos o risco de reforçar velhos estereótipos e rótulos pejorativos que não levam nada a lugar nenhum, apenas a nossa falta de bom senso e uma imbecilidade absurda.

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